segunda-feira, 13 de junho de 2011

DE VOLTA A ESTRADA- 10-06-2011




Quando descobri que era portador do vírus MOTOCICLUSVIRULENTUS e, já, sobre o efeito do mesmo quando fui obrigado a fazer a primeira grande viagem procurei juntar forças para sobreviver por muitos anos já que não obteria cura.Encontrei apoio nesse pensamento do grande navegador Almyr Klink :

"Descobri como é bom chegar quando se tem paciência. E para se chegar, onde quer que seja, aprendi que não é preciso dominar a força, mas a razão. É preciso, antes de mais nada, querer. "


Os exatos 4.769 Kms muito bem rodados no tapete negro, da casa dos hermanos Esteban e Andréa Bertozzi em Bela Vista-Argentina até a nossa casa em Feira de Santana-BA. Fim da aventura do projeto Ushuaia. Iniciada em abril de 2010 e parcialmente interrompido por causa da quebra do Pistão B da Gostosona.Concerto feito pelo excepcional mecânico Ivan após retifica do motor pelo competente Daniel. Todo esse serviço teve a supervisão competente do meu grande amigo-Esteban Bertozzi cuja irmã Mariana deu uma grande ajuda trazendo dos E.U.A as juntas de tampão e retentores . Em relação as peças também contamos com a colaboração do amigo João Borges que de São paulo enviou outras peças para Buenos Aires.

Viagem excelente apesar da impossibilidade da minha querida Leda me acompanhar na garupa e ter que retornar num desconfortável Boeing 747 na véspera do cancelamento dos voos da Argentina e Chile por causa do vulcão - espalha -cinzas, lá na fronteira com Bariloche.
De Teixeira de Freitas -Salvador e Feira de Santana 955 Kms.

A parada em Pedro Canário, última cidade do Espírito Santo a 15 Kms da divisa com a querida Bahia de Todos os Santos e uns tantos políticos malandros que eram da oposição e se associaram aos adversários-também malandros, ditos por eles mesmos, quando situação.

Essa parada foi providencial pelas informações que me foram passadas por um simpático engraxate no posto Esso, muito bom. De Pedra Azul a Vitória a viagem foi tranquila, pista boa.Fui vítima mais uma vez da falta de sinalização e acabei errando o contorno e indo para Vitória. Acabei dando sorte porque pequei um agradável trecho pela litoral,aproveitei e fiz um abastecimento.O dia estava com sol e começava a esquentar.Essa parte das praias de Vitórias é muito bonita e revi dois hotéis onde já tinha pernoitado com a minha Nega que não é Tereza .Tive agradáveis lembranças desses pernoites com ela o que me fez aumentar a vontade de chegar logo em casa.

A falta de uma sinalização eficiente é uma boa bosta que recebemos desses gestores F.D.P. De Vitória a Pedro Canário meti bronca apesar de a estrada ser de mão dupla mandei ver. Não ser pedagiada e não ter buracos me fez chegar logo a Pedro Canário.

Sempre é importante a cada parada pedir informações sobre as condições da estrada a ser utilizada. Os motoristas de caminhões são excelentes fontes, assim como os frentistas dos postos. Em Pedro Canário a minha fonte mais precisa e útil foi o simpático engraxate acima citado.

Nas suas informações ele me prevenia sobre os constantes buracos tipo panela que caberia até um pneu de carreta. Pegar um buraco dessa dimensão ou até menor é quebra de jante e queda com certeza. A depender do caso, o pior: morte.

Como já fazia calor aproveitei e tirei o forro interno, para frio, do meu blusão. Fiz um lanche e devido a sede esvaziei duas jarras de suco de laranja com uma coxinha de galinha com catupiry. O sanitário desse posto é asseado e convida para lavar o rosto e molhar os cabelos que já não são tantos...

Ter experiência na vida é uma grande vantagem, no motociclismo é fundamental. O calor leva ao sono e cochilar numa moto que pesa 400 ks. A 120 Kms/H é querer dar lucro à funerária antes do tempo estimado pelo Senhor... Toda vez que o danado do cochilo chega o remédio é chiclete e uma injeção de Adrenalina na Jugular.Explico a seguir.

Nunca falta alguém para ficar no fundo da sua moto admirando ou querendo te ultrapassar para dizer em casa um monte de mentira. Não deu outra ,uma ambulância insistia em me ultrapassar,queria festa.Teve.Mandei bronca e fui até 140 e a danada atrás.Aí aproveitei para afastar o perigoso cochilo e ´´injetei Adrenalina na Jugular`` através de uma aceleração que foi até 160 Kms. a ambulância e o cochilo ficaram bem longe. Adiante,num retão, me chamava a atenção muitos riscos de pneus no centro da pista e na minha trajetória.Conclui de imediato; ali tinha merda.Tinha sim; um tremendo Buraco-Panela que cabia um pneu de carreta.

Pude desviar com tranquilidade, pois não vinha carro em sentido contrário. Puta que pariu foi o mínimo que me ocorreu no momento.Caso encontre aquele engraxate do posto Esso em Pedro Canário vou presenteá-lo e agradecê-lo de alguma forma.

O pior desse tipo de buraco é que ele sai do padrão da maioria dos buracos que geralmente ficam nos lados e não no meio e, assim mesmo, num retão com excelente asfalto. Considero a falta de manutenção dessas estradas e o absurdo da falta de sinalização a respeito desses buracos um verdadeiro crime federal.Pensei em fotografá-lo mas a falta de acostamento e como eu vinha embucetado (em alta velocidade) desisti.

A partir desse buraco e sobre o efeito da Adrenalina, diminui o ritmo e como havia uma constelação de buracos assassinos a partir da divisa ES-BA parei para fotografar um deles e fui pianinho até Teixeira de Freitas. Chequei á casa dos queridos Ilma e Paulo ás 15.30. Um feijão com carne de sol e xarope de alambique de Minas Gerais me saciaram.

Chegar a essa casa tão acolhedora sem a Nega leda é tão triste para mim como para Ilma e Paulo. Desde que fomos contaminados pelo virulento e incurável vírus Motociclovirulentus em 1995, essa, tem sido a nossa mais especial parada quando vamos ao Sul .

Papo em dia com os concunhados, banho tomado, á noite fomos a um Forró Beneficente. pensei comigo: será uma furada.Não foi.Esse Forró Beneficente é promovido por comerciantes,empresários,profissionais liberais e demais segmentos representativos da sociedade de Teixeira de Freitas,primeira cidade baiana depois da divisa com ES-Pedro Canário. Atualmente conta com mais de 170.000 habitantes e não para de crescer.

Muito bem organizado pelos próprios organizadores que se transformaram em caixas, garçons, cuidavam da limpeza. Só o pessoal da segurança,do som e da excelente banda de forró é que eram contratados. Provavelmente, os doces e quitutes juninos deveriam ser produzidos pelos participantes da entidade beneficente para pacientes com câncer.

Além de Ilma e Paulo, fizeram companhia na nossa mesa os amigos Carlos e a sua simpática esposa Lú.

Fiquei surpreso com a quantidade de pessoas envolvidas com esse grupo beneficente. Praticamente toda a sociedade dessa cidade estava muito bem representada. Muita gente bonita e educada colaboraram para que eu tivesse de uma certa maneira uma noite bem agradável. Saímos à meia noite e meia porque viram que eu já demonstrava cansaço por já ter percorrido.

Tive uma excelente e reparadora noite de sono. Não tinha pressa.O combinado seria ir com calma e pernoitar em Ilhéus pois, até Itamarajú a estrada seria cheia de buracos em mão dupla com muitos caminhões fugindo dos pedágios da BR 116.

Saí por volta das 10 hs de uma Teixeira de Freitas com chuva fina e um frio de 22º. Imaginava que em Ilhéus chegaria cedo e poderia atualizar o blog. Mas, proporção que vencia o tapete preto a saudade aumentava e os longos trechos sem buracos me convidaram para uma aceleração mais forte e o ritmo de 120 pulou para os irresponsáveis 140 e 160 Kms. O pior estava por vir, à noite, com a mudança de plano. Iria para Salvador jantar com o filho Diego, aniversariante, e, matar a saudade da minha Nega Leda

Chegando perto de Valença, constatei que, a tarde se encontrava com a noite com mais rapidez. Em Santo Antônio de Jesus já era um breu total.Três carros vinham,provavelmente, disputando um pega e passaram por mim a mais de 140 Km/H.

Não sei por que cargas d’água me deu uma vontade de fazer uma fezinha na Mega Sena, era exatamente 18 hs. Resolvi fazer a tal fezinha que por não acertar a lotérica não consegui e acabei retardando a minha viagem em mais de 30 minutos.

Fiquei a questionar esse meu desejo de fazer mais uma fezinha na Mega Sena. Como nada acontece por acaso tive a certeza que isso aconteceu para meu benefício.Acertei.Viajar à noite numa pista de mão dupla apesar de não ver buracos é muito perigoso.A viseira do capacete embaçada e com faróis contrários dificulta a visão e somos obrigados a suspende-la um pouco.Viajar com viseira aberta aumenta a possibilidade de ir de encontro a uma ave noturna e um morcego a mais de 100 Kms tem o efeito de mais de 15 Ks.

Além disso, tem os malucos da contramão, jegue, cavalos e bois no asfalto. A saudade, a emoção nos tira a racionalidade. Não estava cansado, sentia-me bem, a moto também demonstrava vontade de ver o resto da família. Não foi fácil controlar o punho direito.

Uns 15 minutos depois da frustrada tentativa de fazer uma fezinha na Mega Sena uma surpresa: carros parados na pista. O que seria nessa reta? Como eu era o último da fila tratei logo de seguir com calma pelo acostamento e constatei que os três carros que passaram por mim estavam engavetados há pouco tempo. Constatei que não havia vitimas e como não tinha sinalização segui em frente e sinalizei alerta para os carros que cruzavam por mim.Nada acontece por acaso,constatei mais uma vez.caso eu não tivesse a ideia de entrar em Santo Antônio de Jesus provavelmente estaria envolvido nesse acidente. A sorte estava na minha garupa. Não deveria abusar e, com mais cautela segui em frente.

A 20 kms de Feira parei para telefonar para a família que a essa altura já estava preocupada com a falta de notícias. Liguei dizendo que estava em Ilhéus, queria fazer uma surpresa. Por volta de das 20.30 hs estava na garagem do apartamento em Salvador.

Leda, surpresa e com um sorriso que só ela é capaz de me dar me abraçou e aí só foi festa. Os filhos Thiago e Dudu estavam com amigos no Restaurante Bom Demais comemorando o aniversário do irmão Diego.

Esse gostoso restaurante fica nos fundos do nosso prédio, depois de um merecido banho e uma farta dose de uísque eu e Leda fomos nos juntar aos queridos e surpresos filhos que me imaginavam em Ilhéus. Foi aquela festa. Uma feijoada desejada por mim desde que sai do espírito santo matou o meu desejo. A noite prometia um encontro com a minha Nega Leda. Encontro esse que não tem espaço para ser relatado aqui...

Manhã seguinte, Feira de Santana. Agradecimento na Igreja dos Capuchinhos que se encontrava em festa de romeiros.Chegada em casa com tempo nublado e muito a comemorar.Nunca tive um dia dos namorados tão festivo e participativo. As fotos abaixo falam por mim. Continuo de férias e só pretendo voltar ao mesmo gostoso labor como medico na próxima segunda feira. Vou aproveitar esses dias de folga e iniciar o livro sobre a minha irreversível contaminação pelo virulento vírus MOTOCICLOVIRUSLENTUS. Até mais.


Click na foto para ampliar.

Pneu dianteiro com exatos 8847 Kms
A Guerreira,gata,também compartilhou à minha chegada.
A sincera recepção do grande amigo Shogun (Akita)
Sempre é gostoso viajar e muito melhor ainda chegar e dividir esse prazer com a mulher amada
Chegando em Feira de Santana,em casa,um delicioso e exclusivo Alonso Menendez Don Eduardo 50 foi degustado com muito prazer .
Pneu traseiro depois dos 8847 entre a ida e a volta dessa viagem de Feira até Cachari-Argentina em abril de 2010 e volta em junho de 2011

O resultado dos trocos produzidos pelos absurdos pedágios entre Paraná ,São Paulo e Minas .
A recepção dos saudosos grandes amigos
O nível de óleo que pouco baixou nesses exatos 4.757 kms. em ritmo forte. Clicando na imagem vamos ver que a cor do óleo está clara. fruto do excelente serviço da retifica do Daniel e da mecânica do grande doutor em mecânica Ivan. Quando saia de Buenos Aires a marca era de 70.080 kms.

Buracos assassinos na BR101-Ba no trecho Teixeira de Freitas

Chegando em Salvador às 20.30-Saida de Teixeira de Freitas às 10 hs.




Foto após o café da manhã na \Pousada Pertele ao pé da Pedra Azul
Chegando ao Hotel em Buenos Aires .

Com esta camisa com o poema Todo Risco do grande Damário Dacruz fiz toda essa gostosa viagem com La Gostosona.Click na imagem para ler esse belo Poema.

Este é o pistão que não permitiu continuar a viagem para Ushuaia.Faltavam 2.700 kms.


Ver o jardim anexo ao nosso quarto nos faz mais feliz e agradecido a Deus por tudo que nos tem propiciado.


Nenhum comentário:

Postar um comentário


Hospedagem de Sites